31 agosto, 2006

PLUTÃO, JÁ VAIS TARDE. TCHAU !!!

A sorte dos astrólogos contemporâneos é não mais estarmos no tempo de Galileu e de Giordano Bruno, quando a Igreja Católica, representada por um tribunal eclesiástico, mandava jogar na fogueira quem discordasse de sua Concepção de Mundo, que era Geocêntrica. De onde a Igreja tirou este conceito? Certamente, do seu desejo de estar no centro do mundo. Nada mais do que isso.
Galileu descobriu e provou o Heliocentrismo, mas teve que mentir perante o tribunal do Santo Ofício para não ser queimado vivo. Giordano Bruno foi lançado na fogueira, por ter dito a verdade. Foi considerado um herege.
Ontem assisti na TV um astrólogo dizendo que mesmo tendo sido rebaixado a asteróide Plutão seguiria pertencendo ao calendário astral, onde seu lugar é de planeta, ao qual está vinculado o signo do Escorpião, ditando o destino de pessoas nascidas num determinado mês do calendário, que lhe corresponde. Ele continua lá no mesmo lugar, dizia triunfalmente o astrólogo sorridente.
Quando a terra deixou de ser considerada o centro do mundo, ela também não mudou de lugar. O centro do mundo é um conceito, um mito. A astrologia não sabe que lida com mitos. Até aí, nada de tão novo. As religiões também não sabem e nem querem saber que lidam com mitos, inventados pelos homens que não suportam ignorar tudo ou quase tudo a respeito de seu nascimento, vida e morte. Isso dá medo. E esse medo sustenta a inércia dos mitos, com que se iludem os humanos que não acreditam na morte e sonham com a ressurreição de seus deuses e de si próprios.
Os mitos estão em toda parte, até mesmo nas doutrinas políticas materialistas. Vejamos, por exemplo, o marxismo. Os marxistas são obcecados pelo conceito de igualdade. Eles não suportam a desigualdade social e tomam o partido dos pobres, julgando-os sempre explorados pelos ricos. Não há quem possa fazê-los ver a vida de outra forma. A pregnância do mito é quase inarredável. Marx montou um dos fundamentos de sua doutrina no mesmo mito que o lobo de La Fontaine usou para se justificar, perante o cordeiro: de que tinha o direito de devorá-lo pois sujava a água que ia beber. O cordeiro disse-lhe o óbvio: “- como poderia estar sujando a água que você bebe se o rio corre na direção de onde você está para o lugar onde estou? - Ah! - disse o lobo, com lógica cartesiana,– Mas se não é você, então foi seu pai ou seu avô.

A ideologia comunista é um mito. Uma concepção de mundo que não reconhece o fracasso das experiência sociais que a puseram à prova. É que abandonar uma Concepção de Mundo expõe o individuo ao medo do que aquela concepção o defendia e defende, embora anacrônica.
A igualdade social é um sonho da inveja e a Concepção de Homem do pensamento cartesiano pouco sabe da inveja, que habita todos os seres humanos. Mas, não há nos dias de hoje, creio, quem não tenha tido um contato com sua inveja. Ela é a mãe das comparações. É um sentimento molesto que leva o individuo a crer que tudo se resolve pela igualação. A inveja faz crer que a igualação resolve os problemas humanos ao instituir a igualdade social e criar uma sociedade justa. Só que a justiça não tem seus fundamentos na igualdade. Quem conhece a estátua da justiça facilmente se lembra que ela tem os olhos vendados. Ela sempre requer um julgamento e não uma simples mirada (in vídeo) acompanhada de comparações.
A velha e famosa história do Rei Salomão que deu uma solução justa à disputa de duas mulheres por uma só criança, de que se diziam mães, deixa claro que a solução igualitária (cortar a criança ao meio) não fazia justiça a ninguém. A igualação é uma demanda da inveja e não da justiça.

27 agosto, 2006

OS MONOTEISMOS E SUAS GUERRAS

Diante das guerras, de que somos diariamente informados pelos jornais e pelas televisões, quase sempre tomamos partidos e aderimos a um dos lados para condenar as atrocidades e os comportamentos bárbaros do outro, como se fosse possível ser civilizado numa guerra. Toda guerra é feita de transgressões e regressões, ainda que suas causas possam parecer justas a cada um dos lados. Estamos ainda muito distantes da civilização que sonhamos alcançar. O raciocínio bélico é fundamentalmente maniqueísta. Cada um dos lados se identifica com o "bem"e projeta no outro o "mal".
Assim são as guerras. As do oriente médio estão sempre se repetindo. Nascem de seus fundamentos religiosos e se justificam na obediência a um deus, que é apresentado como único, e para tanto, quer excluir os demais. E olhe que os monoteísmos pareciam um avanço sobre o politeísmo. Era, pelo menos, o que se apregoava.
Já é tempo de se fazer um balanço e conferir se a coisa é realmente como se queria e dizia. Ao que parece as religiões fracassam no seu propósito de "re-ligar" os homens. Nem as próprias religiões se dão conta ou querem se dar conta de que seus mitos e ritos estão a serviço dos propósitos bélicos inconscientes e prometem vida eterna para quem matar ou morrer pela salvação do seu deus, seu monoteísmo particular. Todos os votos de fidelidade a um deus traz implícita a destruição de quem não crê nele. Isto pode não ser dito, mas na horas das guerras vem à tona. Os "infiéis" têem de ser destruídos. As guerras ganham o nome de "guerras santas", quem morre é mártir e vai para o céu receber recompensas.
Como é lenta a evolução humana!!! Como é longa a inércia dos mitos!!! Uff!!!

15 agosto, 2006

CRIMINALIDADE EM ALTA

Ha um inegável aumento da criminalidade, que a imprensa vem noticiando dia a dia. São rebeliões nas penitenciárias, assaltos, sequestros e latrocínios nas ruas. Praticam-se todas as modalidades dos crimes típicos das grandes cidades, mas, acrescentam-se agora o incêndio dos transportes urbanos e dos carros coletores de lixo.
Algumas operações urbanas são comandadas de dentro das penitencárias.
O entendimento dos fenômenos sociais não pode ficar eternamente submetido aos chavões de teorias que querem explicar o mundo pelos desgastados raciocínios de que tudo decorre do fator econômico, gerador das diferenças sociais. O mundo que nos cerca tem extraordinários modelos de ações, aplicáveis a vários tipos de comportamento humano. A teoria dos Vasos Comunicantes, por exemplo, é um deles.
Sabe-se que vasos, que entre si, se comunicam por um fino tubo, equalizam o nível do liquido que contêm, sem nenhuma ingerência humana específica.E isto é assim mesmo que os vasos tenham diferentes diametros e dimensões.
É esta lei dos Vasos Comunicantes que, creio, se presta bem para entender porque é que a criminalidade aumentada de deputados, senadores, juizes e legisladores, diariamente noticiadas pela imprensa, gera como resposta o aumento da criminalidade social e das rebeliões nas penitenciárias.
As normas impostas pelo processo da civilização, entre as quais se destaca a honestidade, devem ter que valer para todos os seres humanos.
Se não valem, rompe-se o equilíbrio dos "Vasos Comunicantes" do processo social e tudo começa a tomar o caminho da criminalidade desenfreada, regida pelo tom da falsa inocência, que diz "não sei, não vi e nem ouvi'. Estamos nessa!
Não adianta botar a polícia na rua sem usa-la também em casa.

12 agosto, 2006

O HOLOCAUSTO VEM AÍ ...



Quem acompanha toda esta movimentação bélica que sacode o Oriente Médio e se espalha pelo mundo, não pode, em certos momentos, deixar de se inquietar pelo temor de que a guerra se espraie. Nem pode deixar também de se recordar que esta história de acabar com Israel e/ou com o povo judeu, já fazia parte do discurso nazista e agora se re-apresenta na fala do presidente do Iran e nos discursos do líder do Hesbollah somando-se também ao coro do esquerdismo e do anti-americanismo internacionais.
A seguida repetição de que os judeus matam crianças e mulheres indefesas, isto é, de que são cruéis, evoca as idênticas acusações que eram feitas na tão famosa, quanto apócrifa publicação: Os Protocolos dos Sábios de Sion, de triste memória.
O anti-semitismo ganha, agora, um reforço mundial, o que faz também relembrar a leniência de todas as nações que nada fizeram para salvar os judeus do extermínio em campos de concentração, de cuja existência se sabia, antes da tragédia consumada.
A semelhança, que agora se desenha bem nítida entre o nazismo e o Islamismo, leva ao temor de que comecem a soprar mais fortes os ventos de um novo holocausto. O presidente do Iran já sugeriu que afogar todos os judeus no mar seria uma boa "solução final". Já se falava disso na guerra que reuniu vários paises árabes, logo após a criação do Estado de Israel. A memória do velho holocausto está dando as mãos ao desejo de um novo holocausto.
Quando memória (passado) e desejo (futuro) se abraçam com esta intensidade, o presente vai pro brejo. Amarrado no passado, o futuro não passa de uma repetição.
O "eterno retorno" de Nietsche, essa estória de que tudo se repete, é a suprema lei da barbárie. A civilização já substituiu o jugo do passado pelas brisas libertadoras do progresso. Israel tem lutado e vem lutando por esse progresso.

02 agosto, 2006

ESPORTES E GUERRAS
(a cabeçada do Zidane)

Aparentemente antagônicos, os esportes e as guerras têm, no entanto, uma origem comum. Ambos nascem de certos elementos inerentes à personalidade humana, que em última instância procedem do Instinto de Morte e se exprimem nas atividades competitivas e no comportamento guerreiro, que fazem parte da história da humanidade.
Tanto quanto sabemos os primeiros tempos deixaram marcas históricas, das quais se pode deduzir, que começamos pela barbárie. Só pouco a pouco é que nos fomos civilizando, mas o ritmo deste progresso é desigual em diferentes povos. Ademais, há avanços e retrocessos. A civilização ainda é uma camada fina de um verniz, que em momentos difíceis se perde. O comportamento das crianças em seus primeiros anos de vida é típico da barbárie, dominado pelo egoísmo. A educação doméstica é que as civiliza; a escola dá seqüência ao processo da civilização, e promove também a instrução básica, a especialização profissional e científica, a produção artística e literária. Os esportes, que hoje também fazem parte do processo civilizatório, procuram dar vazão e atenuação à belicosidade humana. Não há como por fim - e nem mesmo se sabe se é possível acabar com as guerras e com a destrutividade instintiva. A atividade esportiva deixa bem patente o esforço de atenuar os embates guerreiros, submetendo todos os lances de uma partida - uma batalha, poder-se-ia dizer - a regras aceitas e combinadas pelos contendores e fiscalizadas por um juiz. Nos esportes de ringue como o Box, Jiu-Jitsu e a Luta Livre, é bem visível o propósito de liquidar o outro, fisicamente. Há regras, mas sem o juiz os contendores não conseguiriam se conter. Nos jogos de mesa, tipo baralho e xadrez, as cartas ou as pedras do jogo, representam reis, damas e valetes, ou reis, rainhas, bispos, torres e peões, encenando velhas guerras e produzindo no fim das partidas um vencedor e um vencido, metaforicamente destruído. No futebol a disputa é entre dois clãs que se propõem, de saída, a invasão do território alheio feito pelo time que maior número de vezes violentar a cidadela de seu adversário. Tudo é ou pretende ser submetido a regras, mas há um juiz incansável para punir os jogadores que passam quase todo o tempo driblando e/ou tentando inutilizar fisicamente quem a ele se opõe. É como se fosse uma guerra entre nações, que se reúnem para um campeonato mundial, cujas batalhas (partidas) são sempre precedidas pelo hino nacional solenemente cantado, em posição de sentido, pelos times em disputa. Os esportes são representações eufemísticas das guerras, tanto no plano individual como coletivo. Tanto servem para, eventualmente, atenuar a mortalidade das guerras, quanto paradoxalmente realimentar na mente dos torcedores e dos jogadores a competição e o torneio guerreiro, orgulhosamente cultivado. O diabo é que as metáforas nem sempre detêm a beligerância que desejaríamos ver submetida às regras da civilização. Quando menos se espera a barbárie volta a se impor subitamente, como no caso do Zidane, atropelando a festa civilizada com a qual ele tanto queria celebrar uma carreira de sucessos esportivos. O futebol está longe de ser o "ópio do povo", como se disse na imprensa nos dias da copa. Ao que parece, a guerra é que é o ópio do povo!