DROGADIÇÃO
A criminalização e a descriminalização das drogas não passam de precários recursos de que se servem políticos e legisladores na tentativa de solucionar um problema que, sabem todos, não vai se extinguir nem pela proibição nem pelo consentimento. A proibição de se drogar dá origem à traficância, o que acrescenta maiores dificuldades criminais ao problema. O tácito consentimento, por outro lado, faz cada vez mais crescer o número de drogaditos.
Quando se compreende que proibir ou consentir não dá a estes problemas solução alguma, há que buscar a origem mais remota e tentar penetrar no entendimento de sua essência. Do contrário a própria pesquisa se converte numa droga, isto é, num auto-engano, idêntico ao efeito da droga que se quer combater.
Quando se percebe que o auto-engano é a essência de todas as drogas, logo se vê que, quem se droga não está podendo suportar a vida, tal como ela se apresenta. A droga gera, em quem a ingere, um sentimento de prazer e poder, uma autoconfiança ilimitada.Em poucas palavras: o indivíduo se sente onisciente e onipotente. Esse é o estado que se vai buscar nas “happy hours”, após um dia de trabalho em que cada um tem que se defrontar com os limites determinados pela fragilidade humana.
Esta fragilidade, logo se percebe, é, então, o solo arenoso, pouco firme, da vida de cada um, em grau maior ou menor.
É assim desde as mais remotas eras, quando as religiões surgiram prometendo uma vida melhor depois da morte, uma ressurreição compensadora. Em seguida as ideologias políticas entenderam que a paciência humana também é frágil e anteciparam a realização de uma vida melhor pela conquista de igualdades sociais. Só que isto jamais chegou a bom termo nem com o capitalismo nem com o comunismo.
Agora é a vez das drogas. O consumo mundial destas substâncias parece estar em plena ascensão. Da quantidade de drogas apreendidas, como mostra o noticiário dos jornais e das TVs, pode se deduzir o volume desse tráfico mundial. A preocupação dos políticos de proibir seu consumo ou deixá-lo livre, dá bem uma medida do medo que sentem de que as drogas sejam mais efetivas do que foram suas promessas de criar um mundo realmente melhor e mais seguro antes da morte.
As drogas (incluem-se aí, também, as bebidas alcoólicas) são recursos de longa data. Sabe-se que existem desde o início dos tempos e acompanham os seres humanos desde sempre. Tomam parte nas cerimônias religiosas e jamais deixaram de estar presentes nos banquetes políticos e em todas as celebrações, para lhes dar maior vivacidade. Agora, estão menos tímidas e mais visíveis, ajudadas pela globalização e pela eficácia dos meios de transporte.
O que as faz agora mais temidas é a perceptível e progressiva falência das promessas religiosas e políticas, cujos representantes decepcionam a mais não poder em todas as partes do mundo. Todos os crimes e pecados, que a civilização condena, mostram-se neles, cada vez mais realizados e realizáveis. A pedofilia dos religiosos, a apropriação de dinheiros públicos pelos políticos, e os abusos de poder dos governantes, são matéria de todos os dias no noticiário da imprensa mundial.
A drogadição possibilita a pseudo realização imediata daquilo que as religiões e as ideologias políticas prometem para depois. Seu tempo é o do aqui-e-agora.
A espera pelo céu é longa e problemática; pela igualdade e pela paz social, é problemática e longa. O barato é de aparição muito mais imediata e só depende da dose. O sucesso da drogadição corre paralelo com a rapidez e a velocidade com que queremos que tudo aconteça, sem sofrimento. A vida parece se tornar mais plena quando se pode alcançar tudo, imediatamente. Parece!
É por aí que se chega ao tempo do “fui”: outra aspiração mágica e onipotente.
Quando se compreende que proibir ou consentir não dá a estes problemas solução alguma, há que buscar a origem mais remota e tentar penetrar no entendimento de sua essência. Do contrário a própria pesquisa se converte numa droga, isto é, num auto-engano, idêntico ao efeito da droga que se quer combater.
Quando se percebe que o auto-engano é a essência de todas as drogas, logo se vê que, quem se droga não está podendo suportar a vida, tal como ela se apresenta. A droga gera, em quem a ingere, um sentimento de prazer e poder, uma autoconfiança ilimitada.Em poucas palavras: o indivíduo se sente onisciente e onipotente. Esse é o estado que se vai buscar nas “happy hours”, após um dia de trabalho em que cada um tem que se defrontar com os limites determinados pela fragilidade humana.
Esta fragilidade, logo se percebe, é, então, o solo arenoso, pouco firme, da vida de cada um, em grau maior ou menor.
É assim desde as mais remotas eras, quando as religiões surgiram prometendo uma vida melhor depois da morte, uma ressurreição compensadora. Em seguida as ideologias políticas entenderam que a paciência humana também é frágil e anteciparam a realização de uma vida melhor pela conquista de igualdades sociais. Só que isto jamais chegou a bom termo nem com o capitalismo nem com o comunismo.
Agora é a vez das drogas. O consumo mundial destas substâncias parece estar em plena ascensão. Da quantidade de drogas apreendidas, como mostra o noticiário dos jornais e das TVs, pode se deduzir o volume desse tráfico mundial. A preocupação dos políticos de proibir seu consumo ou deixá-lo livre, dá bem uma medida do medo que sentem de que as drogas sejam mais efetivas do que foram suas promessas de criar um mundo realmente melhor e mais seguro antes da morte.
As drogas (incluem-se aí, também, as bebidas alcoólicas) são recursos de longa data. Sabe-se que existem desde o início dos tempos e acompanham os seres humanos desde sempre. Tomam parte nas cerimônias religiosas e jamais deixaram de estar presentes nos banquetes políticos e em todas as celebrações, para lhes dar maior vivacidade. Agora, estão menos tímidas e mais visíveis, ajudadas pela globalização e pela eficácia dos meios de transporte.
O que as faz agora mais temidas é a perceptível e progressiva falência das promessas religiosas e políticas, cujos representantes decepcionam a mais não poder em todas as partes do mundo. Todos os crimes e pecados, que a civilização condena, mostram-se neles, cada vez mais realizados e realizáveis. A pedofilia dos religiosos, a apropriação de dinheiros públicos pelos políticos, e os abusos de poder dos governantes, são matéria de todos os dias no noticiário da imprensa mundial.
A drogadição possibilita a pseudo realização imediata daquilo que as religiões e as ideologias políticas prometem para depois. Seu tempo é o do aqui-e-agora.
A espera pelo céu é longa e problemática; pela igualdade e pela paz social, é problemática e longa. O barato é de aparição muito mais imediata e só depende da dose. O sucesso da drogadição corre paralelo com a rapidez e a velocidade com que queremos que tudo aconteça, sem sofrimento. A vida parece se tornar mais plena quando se pode alcançar tudo, imediatamente. Parece!
É por aí que se chega ao tempo do “fui”: outra aspiração mágica e onipotente.
About: Waldemar Zusman
Site: Vértice Psicanalítico