PARADISE HUNTERS AND PARADISE SELLERS
Estas expressões, em inglês, servem melhor ao sentido irônico que lhes quero atribuir. A caça ao paraíso existe desde os mais remotos tempos, quando Adão e Eva foram dali expulsos por terem se permitido os prazeres sexuais proibidos – como narram os mitos bíblicos.
Foi aí que surgiu e se impôs esta, aparentemente, insanável necessidade de recapturar o paraíso perdido, para nele viver por mais algum tempo ou mesmo para sempre, como logo começaram a prometer todas as religiões, tanto as mais antigas, quanto as que as sucederam – e ainda o fazem.
Mesmo que fosse preciso esperar pelo fim da existência, a migração paradisíaca acenada, parecia valer a pena, nem que fosse pelo preço de uma obediência a Deus, mediada por homens que se apresentavam, e ainda o fazem, como seu representante: eram os paradise sellers. São os pastores, padres e rabinos de todos os tempos e de todos os credos – eles mesmos, também, candidatos às mesmas benesses.
Como jamais foi possível provar a existência do paraíso post–mortem surgiram ideologias laicas que se diziam capazes de criar um tipo de organização social que conduziria ao paraíso, desde que seus pretendentes estivessem dispostos ao esforço necessário, ou que o Estado tomasse isso a seu encargo.
O que se tem visto, no entanto, é que nem o Capitalismo, nem o Socialismo deram conta de suas promessas implícitas. O primeiro deu nascimento a um exército de paradise hunters que nomearam os recantos pitorescos do planeta que habitamos de paradise resorts. Em seguida, como é de hábito, surgiram logo os paradise sellers, típicos da organização social capitalista, dando enorme impulso à industria do turismo, que hoje em dia, lota os hotéis, os aviões e os navios, que se tornaram, eles mesmos, uma expansão dos resorts paradisíacos.
Para vencer a deformação capitalista habitual, intrínseca, que dava um lugar no paraíso a um grupo menor de pessoas – os mais ricos – o socialismo se apresentou, dando fundamentos históricos à sua promessa de desfrute paradisíaco coletivo. Seus paradise sellers são os próprios ideólogos da evolução histórica apregoada, mas fracassada em suas múltiplas experiências.
Nenhum dos 3 sistemas que se propuseram dar uma solução edênica às asperezas da vida desapareceu de todo, e tem adeptos em toda parte.
Todos estão fundamentados em mitos, gerados no princípio do prazer, cujas propostas são necessariamente hedonísticas. Mitos não carecem de provas, mas de crentes.
Há, agora, uma quarta solução em pleno andamento, que se espraia pelo mundo, movida por um vigor incontrolável: é o mundo das drogas.
A linguagem com que se apresenta é, necessariamente, outra. O paradise-resort, proclamam seus adeptos, está ao seu alcance onde você estiver: basta ingerí-lo, em qualquer de suas apresentações.
Para não ficar muito distante dos recursos precedentes, chamam seus efeitos de “viagem”. É um turismo químico (turismo vem de tour). Ainda não dá para dispensar os paradise sellers, mas já elimina navios, aviões e passaportes. Dispensa as obediências impostas pelas religiões, que implicam na paciência de esperar pela morte. Dispensa também as soluções laicas, prometidas pelas ideologias políticas. É de realização imediata. Navega no tempo do “fui” e tem a mente por cenário.
Foi aí que surgiu e se impôs esta, aparentemente, insanável necessidade de recapturar o paraíso perdido, para nele viver por mais algum tempo ou mesmo para sempre, como logo começaram a prometer todas as religiões, tanto as mais antigas, quanto as que as sucederam – e ainda o fazem.
Mesmo que fosse preciso esperar pelo fim da existência, a migração paradisíaca acenada, parecia valer a pena, nem que fosse pelo preço de uma obediência a Deus, mediada por homens que se apresentavam, e ainda o fazem, como seu representante: eram os paradise sellers. São os pastores, padres e rabinos de todos os tempos e de todos os credos – eles mesmos, também, candidatos às mesmas benesses.
Como jamais foi possível provar a existência do paraíso post–mortem surgiram ideologias laicas que se diziam capazes de criar um tipo de organização social que conduziria ao paraíso, desde que seus pretendentes estivessem dispostos ao esforço necessário, ou que o Estado tomasse isso a seu encargo.
O que se tem visto, no entanto, é que nem o Capitalismo, nem o Socialismo deram conta de suas promessas implícitas. O primeiro deu nascimento a um exército de paradise hunters que nomearam os recantos pitorescos do planeta que habitamos de paradise resorts. Em seguida, como é de hábito, surgiram logo os paradise sellers, típicos da organização social capitalista, dando enorme impulso à industria do turismo, que hoje em dia, lota os hotéis, os aviões e os navios, que se tornaram, eles mesmos, uma expansão dos resorts paradisíacos.
Para vencer a deformação capitalista habitual, intrínseca, que dava um lugar no paraíso a um grupo menor de pessoas – os mais ricos – o socialismo se apresentou, dando fundamentos históricos à sua promessa de desfrute paradisíaco coletivo. Seus paradise sellers são os próprios ideólogos da evolução histórica apregoada, mas fracassada em suas múltiplas experiências.
Nenhum dos 3 sistemas que se propuseram dar uma solução edênica às asperezas da vida desapareceu de todo, e tem adeptos em toda parte.
Todos estão fundamentados em mitos, gerados no princípio do prazer, cujas propostas são necessariamente hedonísticas. Mitos não carecem de provas, mas de crentes.
Há, agora, uma quarta solução em pleno andamento, que se espraia pelo mundo, movida por um vigor incontrolável: é o mundo das drogas.
A linguagem com que se apresenta é, necessariamente, outra. O paradise-resort, proclamam seus adeptos, está ao seu alcance onde você estiver: basta ingerí-lo, em qualquer de suas apresentações.
Para não ficar muito distante dos recursos precedentes, chamam seus efeitos de “viagem”. É um turismo químico (turismo vem de tour). Ainda não dá para dispensar os paradise sellers, mas já elimina navios, aviões e passaportes. Dispensa as obediências impostas pelas religiões, que implicam na paciência de esperar pela morte. Dispensa também as soluções laicas, prometidas pelas ideologias políticas. É de realização imediata. Navega no tempo do “fui” e tem a mente por cenário.
About: Waldemar Zusman
Site: Vértice Psicanalítico