TROPA DE ELITE
Há uma denúncia contida no filme Tropa de Elite que obriga a uma reflexão, ou impõe um aplauso ressentido, que se acompanha da necessidade de justificar a extrema violência dos soldados com a idêntica brutalidade dos narcotraficantes. Terrível equívoco.
Isso de que os soldados tenham que ser treinados para o exercício de uma absoluta desumanidade e completa bestialização, encontra seus limites na sensibilidade humana, que prefere examinar o problema gerado pelos narcotraficantes por um ângulo menos comprometido com uma total anulação de tudo o que a civilização acumulou ao longo do tempo. Nota-se que no treinamento da equipe que vai se iniciar na guerra com os narcotraficantes há uma transgressão constante ao respeito humano, uma submissão humilhante, que impõe a anulação da auto-estima e a constante degradação do amor próprio. Para além de todo esse cenário de rebaixamentos há ainda uma constante insinuação de que só é macho quem xinga e maltrata o próximo pela grosseria do linguajar. Tudo isso se disfarça de disciplina militar.
O treinamento da tropa busca semelhança com o conhecido trote a que são submetidos os calouros das diversas faculdades universitárias, mas vai muitíssimo mais longe.
O convívio nos quartéis revela um nível ético de enormes desregramentos. Não só o trato recíproco é grosseiro, como fica bem claro que os que ocupam posições mais elevadas na gerência dos quartéis vivem de achacarem comerciantes e de vender proteções e seguranças. Creio que, em pouco tempo, fica bem evidente que entre a polícia especializada, dita de elite, e os traficantes que ela combate não há grandes diferenças do ponto de vista ético. É uma guerra que existe para salvar aparências, e fazer crer que algo se faz para resolver o problema. A verdade, no entanto, é que o narcotráfico não começa nos morros. É a camada mais rica da população quem se nutre das drogas. O narcotraficante não é mais do que um elo nessa trama social, universalmente expandida.
Os narcotraficantes estão instalados nos morros, onde se aglomeraram as camadas mais pobres da população, sob as vistas das classes sociais abastadas e indiferentes ao sofrimento dos que estão em torno, se não incomodam fisicamente, se não perturbam. É assim desde o início.
Aos políticos que representaram a comunidade desde há muito, cabia terem estado atentos à evolução do processo de ocupação das cidades, de maneira prospectiva. Nem a indolência dos primeiros tempos, nem o atual simulacro de ”guerras santas” vai trazer algum tipo de resolução ao problema do tráfico de drogas. As drogas terão de ser compreendidas no contexto do processo evolutivo da humanidade. E já o deviam ter sido.
Isso de que os soldados tenham que ser treinados para o exercício de uma absoluta desumanidade e completa bestialização, encontra seus limites na sensibilidade humana, que prefere examinar o problema gerado pelos narcotraficantes por um ângulo menos comprometido com uma total anulação de tudo o que a civilização acumulou ao longo do tempo. Nota-se que no treinamento da equipe que vai se iniciar na guerra com os narcotraficantes há uma transgressão constante ao respeito humano, uma submissão humilhante, que impõe a anulação da auto-estima e a constante degradação do amor próprio. Para além de todo esse cenário de rebaixamentos há ainda uma constante insinuação de que só é macho quem xinga e maltrata o próximo pela grosseria do linguajar. Tudo isso se disfarça de disciplina militar.
O treinamento da tropa busca semelhança com o conhecido trote a que são submetidos os calouros das diversas faculdades universitárias, mas vai muitíssimo mais longe.
O convívio nos quartéis revela um nível ético de enormes desregramentos. Não só o trato recíproco é grosseiro, como fica bem claro que os que ocupam posições mais elevadas na gerência dos quartéis vivem de achacarem comerciantes e de vender proteções e seguranças. Creio que, em pouco tempo, fica bem evidente que entre a polícia especializada, dita de elite, e os traficantes que ela combate não há grandes diferenças do ponto de vista ético. É uma guerra que existe para salvar aparências, e fazer crer que algo se faz para resolver o problema. A verdade, no entanto, é que o narcotráfico não começa nos morros. É a camada mais rica da população quem se nutre das drogas. O narcotraficante não é mais do que um elo nessa trama social, universalmente expandida.
Os narcotraficantes estão instalados nos morros, onde se aglomeraram as camadas mais pobres da população, sob as vistas das classes sociais abastadas e indiferentes ao sofrimento dos que estão em torno, se não incomodam fisicamente, se não perturbam. É assim desde o início.
Aos políticos que representaram a comunidade desde há muito, cabia terem estado atentos à evolução do processo de ocupação das cidades, de maneira prospectiva. Nem a indolência dos primeiros tempos, nem o atual simulacro de ”guerras santas” vai trazer algum tipo de resolução ao problema do tráfico de drogas. As drogas terão de ser compreendidas no contexto do processo evolutivo da humanidade. E já o deviam ter sido.
About: Waldemar Zusman
Site: Vértice Psicanalítico