AS MALUQUICES DO DIA 31
Todo mundo sabe, desde os tempos de escola, que a Linha do Equador é um traço imaginário, riscado no papel dos mapas que representam o globo terrestre. A linha (assim se diz) divide a terra em duas metades. Há quem tome isto ao pé da letra, chegando a crer que se trata de uma inscrição, um sulco na terra. Quando se está a bordo e o navio “cruza a linha do equador” celebra-se o “feito” com uma festa ou um jantar de gala. Por aí se vê que nós, humanos, facilmente tomamos a convenção pelo fato.
A linha do equador é uma referência espacial inventada, tanto quanto o calendário é uma referência temporal arbitrariamente acordada. O dia 31 de Dezembro ganha especial significação quando se o toma por uma demarcação real do tempo, como se algo de especial estivesse ocorrendo na ordem dos fenômenos cósmicos. Mas o que realmente está em jogo são as fantasias do ser humano, que confunde o último dia do ano com o ultimo dia do tempo. Nasce aí uma angústia que se traduz no medo de morrer junto com o ano que se acaba.
É dessa angústia que resultam as celebrações do dia 31 de Dezembro, que começam com a troca de abraços e votos pela felicidade no ano seguinte, que se inicia na mesma noite em que o anterior termina. É aí que tem início os rituais mais ruidosos e festivos da celebração coletiva com o lançamento de foguetes ao céu, a que todos assistem, estarrecidos pela qualidade estética das luminosidades coloridas.
Mas, não se trata de uma simples explosão de cores e desenhos que resultam do engenho humano. O espetáculo pirotécnico leva também, dentro de si, uma homenagem ao deus Sol, a quem a fantasia humana concede o lugar de Pai, reservando o lugar de Mãe para a deusa Iemanjá, que também recebe homenagens na forma de flores lançadas ao mar.
É a estes pais, tidos por onipotentes, que seus filhos, vestidos de branco, se apresentam como alvos e puros, para merecer a graça de seguirem vivos por mais um ano. Vale mencionar que muitos dos que não se apresentam com o vestuário externo branco, vestem, secretamente, cuecas e calcinhas imaculadamente brancas. A escolha do traje íntimo talvez sirva para localizar o pecado, real ou fantasiado, e/ou esconder a vergonha. Inconscientemente, é claro.
Como se vê a celebração do dia 31 é a encenação de um mito levado a cabo por adultos que parecem acreditar que sua alegada pureza, exibida na cor do vestuário, fará com que seus pais (o Sol e a Lua) os julguem merecedores de uma extensão de existência, tida por sempre renovável.
Até aqui só falamos dos rituais coletivos. A eles se somam muitos outros ritos pessoais, como ter nas mãos moedas ou bolinhas de pão na “passagem do ano” e pisar o chão num só pé, como se estivesse prometendo aos deuses equilíbrio e abstenção, num único gesto.
A crença onipotente no valor efetivo de cada um destes ritos dá uma medida da angústia com que vivemos a mudança de ano e da extensão da “maluquice humana” em que continuamos mergulhados, guiados por fantasias primitivas, das quais se originaram todas as religiões.
Uma esperança menos extravagante é a que resulta, agora, do recente lançamento de uma sonda espacial, mandada ao espaço por um grupo de paises, em busca de planetas, onde talvez seja possível encontrar vida, sem estar tão expostos às tragédias ecológicas, repetidas e corriqueiras, como aparece na TV. Parece que no nosso sistema solar estamos cercados por planetas mortos, ou o que sobrou deles. Um cemitério de planetas.
O paraíso pode estar no céu, mas não no sentido que nos ensinaram todas as religiões, que confundem o céu inventado (uma fantasia, como a linha do equador) com o céu estelar.
Ao céu fantasiado ficou vinculado um comportamento “politicamente correto”, de que resultaram todos os credos a que estamos submetidos por uma “maluquice” de difícil saneamento. Além dos religiosos, os políticos e comerciantes, agora, já tiram partido das “maluquices” do dia 31, que nascem do medo de morrer e engrossam o enorme bloco do “me engana que eu gosto”.
A linha do equador é uma referência espacial inventada, tanto quanto o calendário é uma referência temporal arbitrariamente acordada. O dia 31 de Dezembro ganha especial significação quando se o toma por uma demarcação real do tempo, como se algo de especial estivesse ocorrendo na ordem dos fenômenos cósmicos. Mas o que realmente está em jogo são as fantasias do ser humano, que confunde o último dia do ano com o ultimo dia do tempo. Nasce aí uma angústia que se traduz no medo de morrer junto com o ano que se acaba.
É dessa angústia que resultam as celebrações do dia 31 de Dezembro, que começam com a troca de abraços e votos pela felicidade no ano seguinte, que se inicia na mesma noite em que o anterior termina. É aí que tem início os rituais mais ruidosos e festivos da celebração coletiva com o lançamento de foguetes ao céu, a que todos assistem, estarrecidos pela qualidade estética das luminosidades coloridas.
Mas, não se trata de uma simples explosão de cores e desenhos que resultam do engenho humano. O espetáculo pirotécnico leva também, dentro de si, uma homenagem ao deus Sol, a quem a fantasia humana concede o lugar de Pai, reservando o lugar de Mãe para a deusa Iemanjá, que também recebe homenagens na forma de flores lançadas ao mar.
É a estes pais, tidos por onipotentes, que seus filhos, vestidos de branco, se apresentam como alvos e puros, para merecer a graça de seguirem vivos por mais um ano. Vale mencionar que muitos dos que não se apresentam com o vestuário externo branco, vestem, secretamente, cuecas e calcinhas imaculadamente brancas. A escolha do traje íntimo talvez sirva para localizar o pecado, real ou fantasiado, e/ou esconder a vergonha. Inconscientemente, é claro.
Como se vê a celebração do dia 31 é a encenação de um mito levado a cabo por adultos que parecem acreditar que sua alegada pureza, exibida na cor do vestuário, fará com que seus pais (o Sol e a Lua) os julguem merecedores de uma extensão de existência, tida por sempre renovável.
Até aqui só falamos dos rituais coletivos. A eles se somam muitos outros ritos pessoais, como ter nas mãos moedas ou bolinhas de pão na “passagem do ano” e pisar o chão num só pé, como se estivesse prometendo aos deuses equilíbrio e abstenção, num único gesto.
A crença onipotente no valor efetivo de cada um destes ritos dá uma medida da angústia com que vivemos a mudança de ano e da extensão da “maluquice humana” em que continuamos mergulhados, guiados por fantasias primitivas, das quais se originaram todas as religiões.
Uma esperança menos extravagante é a que resulta, agora, do recente lançamento de uma sonda espacial, mandada ao espaço por um grupo de paises, em busca de planetas, onde talvez seja possível encontrar vida, sem estar tão expostos às tragédias ecológicas, repetidas e corriqueiras, como aparece na TV. Parece que no nosso sistema solar estamos cercados por planetas mortos, ou o que sobrou deles. Um cemitério de planetas.
O paraíso pode estar no céu, mas não no sentido que nos ensinaram todas as religiões, que confundem o céu inventado (uma fantasia, como a linha do equador) com o céu estelar.
Ao céu fantasiado ficou vinculado um comportamento “politicamente correto”, de que resultaram todos os credos a que estamos submetidos por uma “maluquice” de difícil saneamento. Além dos religiosos, os políticos e comerciantes, agora, já tiram partido das “maluquices” do dia 31, que nascem do medo de morrer e engrossam o enorme bloco do “me engana que eu gosto”.
About: Waldemar Zusman
Site: Vértice Psicanalítico