22 outubro, 2007

JAMES WATSON VISTO MAIS DE PERTO

As recentes declarações de James Watson – contemplado com o Prêmio Nobel em 1962, por sua participação nas pesquisas sobre o DNA – causaram perplexidade e revolta pelo mundo afora. Suas afirmações de que as pessoas de raça negra são menos inteligentes que todas as demais, foram recebidas como um estímulo ao racismo, dando-lhe fundamentos científicos, que é de se supor que não existam, ou não foram universalmente provados.
James Watson veio à imprensa e se desculpou, afirmando que não era racista e que foi mal interpretado.
Sendo um cientista de primeira grandeza, deve-se conceder-lhe um crédito de sinceridade e procurar entendê-lo de maneira menos simplificada.
Bastaria, para tanto, reparar que ele já se manifestou sobre outros assuntos momentosos de forma tão singular quanto o fez agora quando declarou, em ocasiões anteriores, que mulheres feias poderiam se tornar bonitas se seus genes fossem adequadamente manipulados dentro do ventre materno; ou ainda que mulheres, grávidas de homossexuais, devessem ter direito ao aborto – o que faz supor que a descoberta poderia ser genética. Não conheço as referidas publicações mencionadas na imprensa, mas percebo nelas um certo “wishfull thinking” de um homem que gostaria que todos os grande problemas da civilização encontrassem uma solução no campo da genética, que é área mais específica do seu conhecimento.
Não sendo o racismo, a ânsia do reconhecimento mundial – que nada mais é que a glória – também pode justificar certas antecipações, como essas feitas pelo cientista em questão.
As especializações confinam os homens. Para romper esse confinamento há quem queira ampliá-lo e lhe dar a dimensão do mundo, para que tudo aí possa caber. É sem dúvida um exagero, mas trata-se de coisa mais perdoável que o racismo. Contudo, seria preferível, que um homem de ciência do porte de James Watson não precisasse deste perdão.