MAIS/OU/MENOSCRACIA
Foi um espanto! Nós estávamos ali há mais de três horas descobrindo as mentiras com as quais cada candidato se apresentava ao eleitorado, escondendo com toda habilidade seus pecados por trás de uma máscara de honestidade e patriotismo. Poucos anos depois, às vezes menos, sua ambição de poder leva-o a todo tipo de falcatruas, que em pouco tempo ganham domínio público. Cada partido descobre as podridões do outro e arma suas campanhas eleitorais na denuncia do outro, que , por sua vez, lhe dá um troco igual. É assim em todas as eleições. Surgem novos protagonistas, mas o cenário é igual. A liberdade da denúncia, garantida pela democracia, não acaba com as falcatruas, nem com os roubos de todas as espécies, e nem com o reinício subseqüente das denúncias.
Pode-se, isto sim, cuidar de que ele não passe do "+/-". O que arrebenta a estabilidade do país é a gatunagem colossal. A “+/- cracia” dispensa a ambição de pureza que todos alardeiam até ganhar as eleições. Se não saírem da faixa do "+/-", há lugar para todos.
Ademais, na faixa do "+/-" quem nunca roubou ou mentiu? Quem nunca enganou ou traiu?
O que parecia um discurso tolo começou a se apresentar como "+/-" convincente. A tese do discurso contaminou o próprio discurso. Alguém, "+/-" animado, acrescentou que a categoria do "+/-" tirava a força do maniqueísmo e punha fim a essa interminável disputa entre o comunismo e o capitalismo: ambos eram "+/-" bons.
O papo ganhou interesse e se esticou por um bom tempo.
Resolvi registrar neste meu Blog o possível início de uma nova era: a era do "+/-". A "+ ou – cracía” pode ser menos ruim do que o menos ruim dos sistemas sociais: a democracia. E pode se estender dispensando as santidades e as sinceridades excessivas, que não passam de mentiras pretensiosas ou de virgindades fajutas.
About: Waldemar Zusman
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