A IGUALDADE É O ÓPIO DA INVEJA
Este convívio não é nada fácil. Tem suas características peculiares. Tendo sido listada pelas religiões entre os pecados capitais, todos a negam ou se recusam a reconhecê-la.
Negar a inveja ou brigar com ela impede o necessário convívio, sem o qual o reconhecimento não se dá.
Há outros sentimentos de difícil convívio como o ciúme, a voracidade, a arrogância, o medo, etc... Há que saber reconhece-los e aprender a conviver com eles. Tal como a inveja, fazem parte da personalidade humana e não há como extraí-los, como se costuma fazer com um ciso cariado. O conceito de convívio traz implícita a idéia de tempo, é uma coisa demorada.
A inveja tem muitas faces e não há como conhecê-las sem paciência. . Todo mundo sabe que esperar é difícil. A ânsia do vir a ser, de logo alcançar o que se espera, o que se deseja, o que se quer, é um grande complicador.
Uma vez que não dá para ficar livre da inveja o jeito é conviver com ela, conhecer suas múltiplas faces, seus disfarces e suas maquiagens. Uma vez que se chega lá – e só então, - é que se conhece o prazer de ter desmontado a trama da inveja. Só então é que se percebe o quanto contribuíamos com o melhor de nós para ficarmos empobrecidos e carentes de auto-estima.
Todo processo da inveja começa por uma comparação entre mim e o outro. Há algo que o outro é ou tem e que eu não tenho, mas gostaria de ter ou ser. É uma qualidade, um bem, uma posição. Embora o processo da comparação seja necessário e justificável em inúmeros momentos de nossa vida, ele não se aplica à comparação de qualidades humanas. Os seres humanos são incomparáveis. Cada pessoa é uma soma extraordinária de infinitos arranjos integrados, que o processo comparativo não alcança para dar conta de seus propósitos.
Pode-se admirar qualidades alheias sem fazer comparações. Aplaudir.
O resultado de uma comparação, seja ela da beleza, da inteligência ou de qualquer outro aspecto como posição social, riqueza ou poder arrasta o comparador (o invejoso) para o fundo de um poço de rebaixamento da auto-estima, do qual ele já não mais poderá sair, por imobilização depressiva.
Só lhe resta, então encontrar um jeito de destruir quem possui o que ele não tem. Assim se extinguirão as diferenças e a inveja se acalma – ilude-se o invejoso. Nesta fase o invejoso começa a ter necessidade de destruir o objeto invejado, denegrindo-o. Alguns fazem disso um propósito central de suas vidas.
Foi assim com Marx, por exemplo. Suas articulações conceituais, inteligentes, deixam muito a desejar. Ele era filho de família pobre e não se firmava nos seus empregos. Não ganhava para o seu sustento, nem o de sua família. Era Engels, de família rica, era quem o ajudava. Ele achava que a igualação das posses materiais acabaria com os problemas sociais. O conceito de igualdade parecia ser a chave de tudo. Era como se só houvesse justiça quando houvesse igualdade. Essa foi exatamente a proposta da inveja, que o ofuscou. Já é hora de entendermos que a igualação se parece muito com esses remédios poli-vitamínicos, que são apresentados como capazes de curar todos os males.
Não foi difícil convencer os pobres de que eles foram roubados pelos ricos. Se não os de agora, então por seus pais ou avós, como disse o lobo ao cordeiro, na fábula de La Fontaine. Os proletários passaram depois a ser chamados de despossuídos, como agora é moda. Os invejosos de todo o mundo se uniram e aceitaram a proteção da classe média, especialmente dos intelectuais, que dão à sua inveja o mesmo tratamento que Marx deu à dele.
O fracasso das experiências comunistas no plano social, no campo da realidade, no entanto, não os demoveu, porque eles ficaram subordinados ao mito marxista, que tomou o lugar do mito criacionista, e virou uma Concepção de Mundo. Os conceitos marxistas disputaram e ainda disputam com as religiões o lugar de “ópio do povo”.
A experiência brasileira, muitíssimo atual, deixa bem claro que o número de escândalos, que a cada momento vêm à tona, tem origem maior nas hostes do PT, um partido que nunca negou seus vínculos marxistas. Esse é o partido que denunciava a corrupção burguesa, na câmara.
Agora, já é bem evidente que as denúncias nasciam da inveja, transvestidas de justiça e compaixão. Tão logo se aproximaram da boca do cofre esqueceram-se dos seus discursos igualitários e se entregaram a todas as corrupções para ver se se livravam da inveja, que não lhes dava nem sossego e nem descanso. A fome de dinheiro tomou o lugar do discurso da igualdade.
Orwell conta no seu Animal Farm que depois de terem concordado em que seriam todos iguais, surgiu um grupo que, sorrateiramente, se queria mais igual do que os outros.
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